Letalidade policial em alta

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A Polícia Militar do Estado de São Paulo matou 459 pessoas entre os meses de janeiro e junho deste ano. É o maior número de mortes em decorrência de ação policial registrado nos últimos 14 anos. Os dados, divulgados pela Secretaria de Segurança Pública na última quarta-feira (26/7) mostram também um aumento de 14% em relação ao mesmo período do ano passado.

Entre as vítimas, estão Leandro de Souza Santos, morto durante uma operação policial na favela do Moinho, em junho, e Ricardo Silva, assassinado com pelo menos dois tiros no peito durante uma abordagem policial, em julho. Ambas as mortes aconteceram em São Paulo e mobilizaram protestos contra a violência policial pela brutalidade como ocorreram.

Em 27 de junho, policiais da Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar) foram até a Favela do Moinho, no Centro de São Paulo, para realizar uma operação de preservação da ordem pública. Ao avistar a polícia, Leandro, que de acordo com a família era usuário de drogas, correu e se escondeu no barraco de uma vizinha. Segundo relatos de moradores, policiais invadiram a residência e efetuaram disparos contra o rapaz de 19 anos, que morreu no local. Dois policiais envolvidos na ação foram afastados das ruas.

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A morte do catador de materiais recicláveis Ricardo Silva aconteceu por volta das 18h de quarta-feira (12/7), em uma das ruas mais movimentadas de Pinheiros, bairro de classe média de São Paulo. Segundo testemunhas, Ricardo teria se desentendido com funcionários de uma pizzaria local, que chamaram a polícia. O catador agitava um pedaço de pau em frente à pizzaria quando as viaturas chegaram. Um dos policiais disparou pelo menos dois tiros à queima-roupa. Ricardo morreu no local e seu corpo foi transportado de maneira irregular, descaracterizando a cena do crime e impossibilitando a realização de perícia. O policial que efetuou o disparo foi afastado pela corporação.

O alto grau de letalidade da polícia de São Paulo reflete uma série de problemas estruturais que vão desde a formação do policial até a investigação dos casos nos quais a operação resultou em morte. “Há medidas que podem ser adotadas para reduzir a violência policial, como o fortalecimento da ouvidoria e o controle externo da PM pelo Ministério Público, que tem entre as suas prerrogativas o papel de fiscalizar as violações cometidas pela corporação. Além disso, é urgente que entre em pauta a reforma do modelo de polícia que temos hoje, que ainda guarda resquícios da época da ditadura e vê o cidadão como um potencial inimigo”, complementa Custódio.

Fonte: Conectas

 

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