Na narrativa hegemônica, da mídia e do senso comum, as periferias são zonas de medo e carência, o que deriva de uma produção simbólica pobre, sem levar em conta toda a complexidade destes territórios. Com a web, esse discurso encontra um contraponto, ainda que disperso, rico sobre a potência criativa das favelas. “As periferias são zonas centrais; estão na centralidade das artes, de ações empreendedoras criativas, das invenções de relações que reforçam a convivência. O reconhecimento como periferia não apresenta uma visão de territórios separados da cidade ou em suas beiras e pontas”, destaca Eduardo Alves, em entrevista por e-mail à IHU On-Line.

Evidentemente há diferenças substanciais no acesso aos meios digitais por parte das populações periféricas, sobretudo porque o uso de banda larga, por exemplo, nem sempre é acessível geograficamente e economicamente. Tal dificuldade, resultado da profunda desigualdade social que caracteriza a sociedade brasileira, é superada em certa medida pelo uso de computadores de mão, os chamados smartphones. “É importante registrar que esse novo ambiente sociocultural permitiu a ampliação da mobilidade simbólica”, pondera o entrevistado. “Para os territórios populares, para as periferias, o grande desafio está na utilização da Internet, principalmente as redes sociais, no Brasil, para ampliação dos direitos e construção de novas narrativas na cidade”, complementa.

Confira a entrevista.

 

IHU On-Line – Como as redes sociais web reorganizam a relação entre as pessoas nas favelas?

Eduardo Alves – Tanto a tecnologia da informática (computadores de mesa, smartphone, smart tv), quanto as novas linguagens, os novos conceitos, os novos ambientes socioculturais criados (redes sociais e web) abriram possibilidades absolutamente novas no século 21. Para as periferias, na cidade, esse impacto é marcante, pois criou-se a possibilidade de ambientes e canais para que os setores populares se expressassem diretamente e não ficassem dependendo apenas da grande mídia para isso. Registra-se que todos os setores sociais e políticos se expressam por meio das redes, a diferença principal, no caso das periferias, está na constituição de canais próprios. Os canais da grande mídia são, hegemonicamente, dos setores poderosos e dos “donos do poder”.

De alguma forma, os ambientes socioculturais chamados de redes sociais impactam na relação das pessoas em toda a cidade. E é fundamental destacar que a internet não é o lugar dos chamados “espaços virtuais”, como se fossem sem efeitos reais. As redes, assim como todos os espaços de comunicação via internet (tecnologias, linguagens e conceitos), com a variedade de recursos que possui, já acumularam muito efeito real na vida, nas relações, em atitudes, gostos, preferências artísticas, participação política etc. E esse movimento só tende a ampliar (uma tendência não inexorável, mas uma tendência). Coloca-se, para as periferias, o desafio de disputar cada vez mais tal ambiente sociocultural do século 21.

É muito importante, portanto, destacar a centralidade dessa nova vaga de conexão (comunicação, contatos, divulgação de pensamento, apresentação de peças multimídia, sons e de artes em geral), por meio da qual as periferias possam mostrar sua potência, apresentar novas narrativas sobre a cidade, disputar os símbolos e reivindicar mais investimentos do Estado. Apresentar as periferias, entre as quais estão as favelas, como lugar de encontros, criação, inventividade é importante para a disputa de hegemonia da cidade. Mais que isso, atuar nos novos canais para apresentar uma narrativa contemporânea sobre a violência que os moradores sofrem, como consequência da política hegemônica do Estado e do mercado. Este movimento, que busca alterar cultura e estética, é decisivo no momento atual.

Os moradores das periferias ainda possuem na presença dos corpos, por meio de interação dos vizinhos, familiares, amigos, algo muito característico e marcante no território. Ainda que, em certa medida, o fato de estarem conectados, majoritariamente, via o computador de mão (chamados de celular ou smartphone), principalmente a juventude, demonstre a consequência de uma desigualdade que restringe acessos aos computadores de mesa e à banda larga. Mas é importante registrar que esse novo ambiente sociocultural permitiu a ampliação da mobilidade simbólica. Os territórios da cidade, de forma positiva ou negativa, realizam novas formas de comunicação e conexão e as periferias não ficaram de fora. Muito pelo contrário, os moradores, os coletivos e as organizações das periferias construíram canais que ampliam e apresentam a potência desses territórios.. Mas ainda é marcante nos territórios periféricos, mais que em outros territórios[1] da cidade, os encontros dos corpos.

 

IHU On-Line – A Internet, especialmente as redes sociais, possibilita às periferias um maior protagonismo social? Como isso se dá?

Eduardo Alves – O upload múltiplo, as novas linguagens e os novos conceitos permitem às periferias, assim como a todos os territórios da cidade, uma maior possibilidade de instrumentos e canais para apresentar uma narrativa própria. Os ativistas do passinho fizeram isso, por exemplo, via Youtube. O Observatório de Favelas faz isso, principalmente, por meio do Facebook. A possibilidade de apresentar olhares, arte, recortes, articulados com narrativas originárias dos territórios populares, criando sobre todas as variações que a internet disponibiliza é uma ação estratégica para o período. No Brasil há destaque para as várias redes e o www, mas é um desafio avançar para outros modelos de conexão, como o P2P (Peer-to-peer), pouco usado no Brasil. Trata-se de ações contemporâneas que podem potencializar a construção da cidadania ativa e a conquista de uma cidade de direitos. As organizações da sociedade civil, assim como as pessoas, possuem instrumentos que podem ampliar os raios de alcance e as conexões.

A ampliação dos repertórios variados sobre as diferentes tecnologias digitais, as técnicas de utilização, os conceitos e a expressão multimídia, é um dos grandes desafios da atualidade para avançar nesse sentido. Vale destacar que, seja a expressão multimídia uma nova linguagem ou uma nova organização dos símbolos das variadas línguas existentes, tais reportórios ocupam papel central que ultrapassa fronteiras de tempo e espaço. No caso das periferias, é muito importante superar a visão hegemônica de que são territórios do medo e da carência. O Observatório de Favelas já afirma, faz algum tempo, que esses territórios são potências inventivas na cidade.

São sim territórios com menos investimentos do Estado, utilizados para ampliação do lucro do mercado, com seus moradores vivendo as consequências da exploração, opressão e discriminação. São sim territórios no qual a violência do Estado e dos grupos criminosos armados ocorre com incidência muito superior, se comparados aos outros territórios de toda a cidade. No ano de 2016, somente na favela da Maré, se ficou 18 dias sem escola e postos de saúde, foram assassinadas 17 pessoas e 28 sofreram várias formas de violência. Isso não é natural, nem tampouco pode ser visto como normal.

Utilizar as redes para conquistar uma convivência ampla, com respeito à diferença e que amplie a vida nesses territórios, alterando a prática hegemônica do Estado, é uma ação urgente e decisiva. Trata-se da defesa da vida, em todos os seus sentidos e significados, pois as pessoas precisam viver, e com dignidade. Fica, portanto, colocado o desafio de ampliar os direitos, conquistar mais investimentos, mas, também, de apresentar uma nova narrativa sobre as periferias, apresentando-as como espaço de potência e seus moradores como sujeitos estratégicos para conquistar uma cidade de direitos. E, principalmente, que o restante da cidade não considere “normal” um jovem, negro, pobre, morrer em territórios periféricos. Juventude deve ser compreendida sempre como um verbo de vida em todos os territórios da cidade.

Destaca-se, nesse sentido, a importante e grandiosa iniciativa que teve o Observatório de Favelas, a Redes da Maré e o Instituto Maria e João Aleixo em organizar o importante e grandioso Seminário Internacional das Periferias, que contou com a presença de estudiosos e ativistas de 15 países e mais de 20 estados brasileiros. Unificados, com vários ensinamentos sobre as questões e os desafios das periferias, dedicaram-se em responder a questão-chave e provocativa do encontro: O que é periferia, afinal, e qual seu lugar na cidade? Neste encontro foi aprovada a CARTA DA MARÉ, RIO DE JANEIRO – MANIFESTO DAS PERIFERIAS: AS PERIFERIAS E SEU LUGAR NA CIDADE. Documento, já disponível na internet , que, entre outras questões fundamentais, para pensar, atuar e construir o lugar da periferia na cidade, afirma: “a definição de periferias não deve ser construída em torno do que elas não possuiriam em relação ao modelo dominante na dinâmica socioterritorial ou da distância física em relação a um centro hegemônico. Elas devem ser reconhecidas pelo conjunto de práticas cotidianas que materializam uma organização genuína do tecido social com suas potências inventivas, formas diferenciadas de ocupação do espaço e arranjos comunicativos contra-hegemônicos e próprios de cada território”. Trata-se de um marco fundamental para construir narrativas e práticas estruturantes em escala internacional, com o objetivo de ampliar a potência das periferias e fortalecer a disputa por uma cidade de direitos.

 

IHU On-Line – As redes sociais preservam os marcadores sociais entre a periferia e as zonas centrais?

Eduardo Alves – As periferias são zonas centrais; estão na centralidade das artes, de ações empreendedoras criativas, das invenções de relações que reforçam a convivência. O reconhecimento como periferia não apresenta uma visão de territórios separados da cidade ou em suas beiras e pontas. Não é a localização dos territórios que as fazem se conformar como periferias, indicando que estão afastadas do centro. O centro de ações políticas e socioculturais, na cidade, passa pelo que é inventado e praticado nas periferias existentes.

No caso dos “marcadores das desigualdades”, não se trata de serem preservados nas redes sociais, e sim da presença em todos os elementos econômicos e sociais, como trabalho, estudo, moradia, saneamento, transporte etc. Isso aparece nos discursos marcados pela denúncia e naqueles que incidem sobre uma ação afirmativa. O Observatório realizou uma campanha marcante, com os jovens da Escola Popular de Comunicação Crítica – Espocc, chamada Juventude marcada para viver. Colocar a importância da defesa dos jovens, pobres, negros, que são os que mais sofrem as consequências da violência letal com um olhar afirmativo, apresentando propostas de políticas públicas e culturais, assim como uma nova narrativa sobre o genocídio que sofrem os jovens das periferias, principalmente os negros, foi uma ação fundamental para mostrar tais contradições. A cidade é um lugar de conflitos e enfrentar tais conflitos com direitos, respeitando as diferenças, apostando na convivência, na empatia e na dignidade humana, é um passo fundamental para conquistar uma cidade de direitos. Isso demonstra que ainda que as desigualdades sejam hegemônicas nos territórios populares, também se faz marcante a potência de ação e transformação que desses emergem.

 

IHU On-Line – Como as redes sociais aproximam e distanciam as pautas das periferias com as pautas das zonas mais abastadas da cidade, como o caso Amarildo, de um lado, e as manifestações “verde-amarelo”, de outro?

Eduardo Alves – As várias fotografias da cidade, em todos os seus territórios, que demonstram a diversidade existente em cada local e entre os vários espaços da cidade, são importantes para o conhecimento e para vida. Os exemplos citados na pergunta foram emblemáticos nas redes e desenvolveram campanhas que alcançaram importâncias distintas. Destacam-se principalmente as atrocidades que fizeram com o Amarildo.

As redes podem, por exemplo, servir para ampliar preconceitos e intolerâncias, como servir para criar a convivência das diferenças em várias dimensões da vida.

Há, no entanto, vários aspectos de encontros e desencontros dos territórios das cidades. Tais exemplos demonstram, de um lado, a diversidade existente nos territórios e entre os territórios. A maneira pela qual as redes sociais criaram um raio muito mais amplo para as manifestações de ideias e das práticas cotidianas, pois ampliam o raio de alcance para informações, mensagens e conexões. Tal ampliação, tanto da velocidade quanto do alcance, por sua vez, não significa, automaticamente, uma mudança do mundo. As redes podem, por exemplo, servir para ampliar preconceitos e intolerâncias, como servir para criar a convivência das diferenças em várias dimensões da vida. Para os territórios populares, para as periferias, o grande desafio está na utilização da internet (principalmente as redes sociais, no caso do Brasil) para ampliação dos direitos e construção de novas narrativas na cidade.

 

IHU On-Line – De que forma o acesso à Internet e às redes sociais atualiza o “ser” na periferia?

Eduardo Alves – O “ser” na periferia está em constantes mudanças. E ainda bem que as mudanças são possíveis e são inventadas por homens e mulheres. Não há nada de natural em como são as pessoas e em suas relações. Desnaturalizar o que aparece como “natural”, tornar inaceitável o que pode ser visto como “comum”, principalmente a violência letal, são ações urgentes e fundamentais. Desnaturalizar a violência, desnaturalizar a miséria, desnaturalizar as várias discriminações, desnaturalizar o centro. As periferias não podem ser vistas e muito menos narradas como um lugar de medo, de violência, de miséria. Há muita beleza, criação, invenção e sorrisos que tomam essas ruas e é necessário ampliar os direitos nesses territórios para superar progressivamente tamanha desigualdade que possuem em relação ao conjunto da cidade. Por isso, também, é importante apresentar e construir as periferias como centros de potência para a construção de uma cidade de direitos.

 

IHU On-Line – Ainda há nas favelas do Rio de Janeiro muitas lan houses? Qual foi (ou é) a importância desses espaços para a sociabilidade destas populações?

Eduardo Alves – Ainda há lan houses nas favelas cariocas. Mas, sem dúvida, hoje as pessoas estão conectadas principalmente via computador de mão, os chamados smartphones. Esse é o instrumento (ou aparelho) tecnológico que mais garante as conexões. Hoje em dia seria importante inverter e não perguntar quando as pessoas se conectam na internet; o mais importante seria perguntar em que momento não estão conectadas na internet ou rompem com suas conexões. Coloca o corpo em uma dimensão muito diferente em relação aos séculos passados, nos quais os encontros dependiam da aproximação dos corpos. Essa é uma questão muito importante que precisa estar colocada sempre. E, para as periferias, onde os encontros dos corpos ainda são momentos marcantes com vizinhos, parentes, amigos, é ainda mais simbólico. Cabe ressaltar que as desigualdades da cidade, que coloca a periferia em condições adversas dos outros territórios, atingem seus moradores também no caso da internet, pois banda larga de fibra ótica e computadores de mesa são escassos ou inexistentes.

 

IHU On-Line – A Internet, por definição um espaço potencialmente democrático, permitiu a ampliação dos modos de vida e culturas das periferias no espaço digital? Como isso ocorreu? O que isso significa?

Eduardo Alves – A internet, por si só, não é um espaço democrático. As desigualdades de acesso, tanto das bandas largas (que permitem o fluxo de dados variados) como das tecnologias, não permitem ver a internet, por si só, como espaço democrático. Mas sua chegada, principalmente com o www e as redes sociais (no caso do Brasil de hoje), criou sim um novo ambiente sociocultural inexistente até o século passado. Volto a lembrar, o P2P é, praticamente, inexistente no Brasil e é uma arquitetura de rede na qual, cada ponto, cada computador, funciona tanto como emissor e receptor de dados e mensagens quant0 como servidor. Algo que não depende de mediações e servidores centrais, como a grande maioria das redes sociais que conhecemos por aqui possuem. Portanto, a internet como temos no século 21, por sua novidade em tempo e escala, é um ambiente que muito há para desvendar, descobrir e inventar.

Há um grande percurso histórico quando falamos de Internet. Esse processo de mudanças, em escala mundial, vem ocorrendo desde o fim da Segunda Guerra Mundial [2] e deu um grande salto quando, na década de 1960, ocorreu a primeira ação do que seria conhecido logo em seguida como Internet. A ARPAnet [3] foi fundamental, surgiu com a criação da ARPA em 1957, e foi lançada em 1969, ganhando terreno durante toda a década de 1970. A partir de 1990, com a criação e divulgação da Internet como conhecemos hoje – World Wide Web (www) –, foi dado um salto decisivo para a criação, no século XXI, das várias redes conhecidas e das tais redes sociais, tão disseminadas e discutidas no Brasil, em particular.

O crescimento (e as chamadas revoluções do século XXI no ambiente da Internet) se deu em conceitos e tecnologia. Quanto maior o repertório, os conceitos e as tecnologias serão manipulados com mais qualidade e poderão ser superados para os vários objetivos. As periferias são territórios de novos personagens em cena para superar esse conjunto de coisas a favor das pessoas na construção de uma cidade de direitos.

Lançando mão das alterações na linguagem, da estética da comunicação e da possibilidade de realizações de upload, temos insumos para alterações fundamentais nesse novo século. Objetivamos, por um lado, criar uma ferramenta fértil para a desnaturalização das práticas sociais e culturais hegemônicas e, por outro, potencializar a ação criativa e transformadora dos novos sujeitos em cena.

 

IHU On-Line – Quais são os principais desafios a serem enfrentados pelas comunidades das favelas no ambiente digital? Que tipos de preconceitos se perpetuam em novas formas?

Eduardo Alves – Ainda há uma visão hegemônica na cidade que as periferias, favelas entre elas, são lugar de medo, de bandidos, de desocupados; espaços de dor. O livro de Jailson de Souza e Silva e de Jorge Luiz Barbosa, ambos fundadores e da direção do Observatório de Favelas, lançado em 2005, já apresentava tal narrativa. O título do livro é Favela: alegria e dor na cidade (Rio de Janeiro: Editora SENAC RJ,2005).

Apresentar esses territórios de periferias como espaços de potência, ampliar o que já apresentam para cidade como encontros com alegria, inventividade, tecnologias de vários tipos e formas, é um grande desafio para o contemporâneo. Conquistar direitos que garantam a dignidade da vida e uma nova representação simbólica dos territórios de periferias são grandes desafios para o momento atual.

 

IHU On-Line – Deseja acrescentar algo?

Eduardo Alves – Agradeço o convite e o espaço gentilmente oferecido. Se for possível concluir com uma de minhas poesias (que gosto de chamar de “junção ou arranjo de letrinhas”), assim o farei:

 

Olha ai: a favela

 

Olha o que é a favela
Veja suas próprias cores
Descubra a identidade da vida
Deixe aberto o canal de amor
Passe na rua ocupada
Chegue de casa em casa
Descubra a convivência diversa
Encontre-se em cada ferida
No som que agora chegou
Arte que brota do chão
Temas lançados de mão em mão
Frases que são decoradas
Monte a própria versão
Cada encontro repentino
Chegadas com sorrisos ou sustos
Com corpos gratinados por sol e lua
É mais que bemol na vida
Mais que um hasteg na trilha
Sustenidos dissonantes no ar
Há alegra os afetos despedaçando distopias
Grito de potência da esperança
Reanima a lembrança
Com o território múltiplo e singular
Reinvenção que brota no solo
Chão ocupado, inventado, ilimitado
Assim se transforma a vida
No longo encontro presente
Com imaginário popular
Com os nervos e músculos candentes
Narrativas humanas para desenhar
Essa é a favela da gente
É nessa que vamos entrar
É nessa que o corpo dança e se alegra
E deixo assim o convite
Para o seu olhar, sobre a favela, se transformar
Para a presença ativa revolucionar a cidade
Mudar você e o lugar.

 

Eduardo Alves

 

Notas

 

[1] O conceito de território aqui utilizado é baseado em Milton Santos. Eis aqui o de escrita mais reduzida por mim encontrada, retirada do livro Território, territórios: ensaios sobre o ordenamento territorial, editora Lamparina: “O território é o lugar em que desembocam todas as ações, todas as paixões, todos os poderes, todas as forças, todas as fraquezas, isto é, onde a história do homem plenamente se realiza a partir das manifestações da sua existência”. (Nota do entrevistado)
[2] Segunda Guerra Mundial: conflito iniciado em 1939 e encerrado em 1945. Mais de 100 milhões de pessoas, entre militares e civis, morreram em decorrência de seus desdobramentos. Opôs os Aliados (Grã-Bretanha, Estados Unidos, China, França e União Soviética) às Potências do Eixo (Alemanha, Itália e Japão). O líder alemão Adolf Hitler pretendia criar uma “nova ordem” na Europa, baseada nos princípios nazistas da superioridade alemã, na exclusão – eliminação física incluída – de minorias étnicas e religiosas, como judeus e ciganos, além de homossexuais, na supressão das liberdades e dos direitos individuais e na perseguição de ideologias liberais, socialistas e comunistas. Essa ideologia culminou com o Holocausto. (Nota da IHU On-Line)
[3] ArpaNet: é a sigla para Advanced Research Projects Agency Network, do Departamento de Defesa dos Estados Unidos, que foi a primeira rede operacional de computadores à base de comutação de pacotes, e o precursor da Internet, tendo sido criada inicialmente para fins militares. Desenvolvida pela agência Americana ARPA (Advanced Research and Projects Agency – Agência de Pesquisas em Projetos Avançados) em 1969, tinha o objetivo de interligar as bases militares e os departamentos de pesquisa do governo dos Estados Unidos. Esta rede teve o seu berço dentro do Pentágono. (Nota da IHU On-Line)

Eduardo Alves cursou Ciências Econômicas pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro – UFRRJ e Ciências Sociais na Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ. É membro da direção do Observatório de Favelas, onde atua como coordenador de comunicação.
Fonte: IHU

 

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