Encerra hoje, 20 de abril de 2012, o V Colóquio Nacional de Direitos Humanos. Desde o dia 17 reunidos no Centro de Eventos Notre Dame discutiu-se a temática da Memória, Verdade e Justiça como Direitos Humanos.
Ao longo da semana foram diversas atividades entre minicursos, sessões de comunicações, apresentações culturais, painéis e conferências. Na primeira noite além da abertura e entrega do Prêmio Passo Fundo de Direitos Humanos tivemos a conferência com o representante da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, Gilles Gomes que tratou do Compromisso do Brasil com o direito à memória, a verdade e a justiça. As conferências se realizaram à noite e trataram dos seguintes termas e convidados: a conferencia do dia 18/04 foi com a professora Cecília Pires que refletiu sobre os motivos para lutar por memória, verdade e justiça, afirmando o compromisso de cidadania de todos com essa luta. No dia 19/04 participou a militante feminista e de direitos humanos Maria Amélia de Almeida Teles. Presa e torturada pela ditadura teve sua família vítima do regime e com seu depoimento emocionou os participantes. Segundo ela é muito difícil falar sobre isso, pois é uma ferida que sangra, que está sempre sangrando. A conferência que encerra o evento nesta noite, traz a professora e membra da comissão de anistia Roberta Baggio que discutirá sobre a Comissão Nacional da Verdade e os principais desafios para sua implementação.
Nas tardes foram realizados 3 painéis temáticos. Na tarde de quarta feira o painel 1 debateu com o Professor Paulo César Carbonari a dimensão ética e política do direito à memória, à verdade e a justiça. O painel do dia 19/04 contou com a presença do professor Enrique Padros e Suzana Lisboa. O professor Enrique trouxe o debate sobre as experiências históricas de outros países sobre a implementação do direito à memória, à verdade e à justiça. Suzana Lisboa, da comissão de familiares de mortos e desaparecidos tratou do tema da justiça às vítimas, frisando que a verdade precisa da justiça. Como familiar de um desaparecido e morto político diz ela: “Eu sou mulher do primeiro desaparecido que nós localizamos, enterrado com nome falso, em Perus, e a denúncia foi feita no dia da votação da anistia; quantos anos faz isso? E eu até hoje não sei como ele morreu. Eu vou continuar sem saber depois da comissão da verdade? Vou continuar com essa dúvida?” e completa: “minha luta é pela erradicação da tortura”. O painel da sexta feira à tarde, tratou do tema dos desafios à luta pelo direito à memória, à verdade e a justiça. Contou com a participação de Leandro Scalabrin, advogado dos movimentos sociais e Marcelo de Santa Cruz. A reflexão feita por Scalabrin foi sobre a luta dos movimentos sociais na realização do direito à memória, á verdade e à justiça e seus limites sociais e políticos. Marcelo de Santa Cruz é pernambucano, militante de direitos humanos e vitima do Decreto 477 quando estudante de direito tendo que se exilar em 1971. É familiar de um desaparecido político e integrante da Comissão de Mortos e Desaparecidos Políticos. Apresentou em forma de depoimento sua experiência e sua luta em Penambuco para criar a Comissão Estadual da Memória e Verdade. Diz ele: “nós lutamos pelo direito à democracia, à liberdade, nós lutamos para que pudéssemos viver num pais melhor”.
Participaram mais de 400 pessoas ao longo da semana e das atividades propostas. O V Colóquio é uma promoção da Comissão de Direitos Humanos de Passo Fundo em parcerias com diversas instituições de Passo Fundo. O evento deixa a mensagem de que a memória, a verdade e a justiça não podem ser separadas e que o Brasil precisa de forma imediata efetivá-las como garantia dos direitos humanos.
Para mais informações: www.cdhpf.org.br