Câncer do colo de útero mata mais de 250 mil mulheres por ano. Oitenta e cinco porcento dos óbitos são registrados em países de baixa e média renda. Para Organização Mundial da Saúde (OMS), Estados-membros devem investir mais em programas de vacinação contra o papilomavírus humano (HPV) e também em serviços de testagem.
O câncer do colo de útero mata mais de 250 mil mulheres por ano, e 85% desses óbitos acontecem em países de média e baixa renda. O alerta é da Organização Mundial da Saúde (OMS), que fez um apelo aos países para que invistam mais na vacinação contra o papilomavírus humano (HPV) e em serviços de diagnóstico.
“Em países de renda alta, a testagem generalizada reverteu radicalmente os índices e a incidência de câncer de colo de útero e a mortalidade caíram agudamente com o impacto da vacinação na redução de doenças relacionadas ao HPV”, afirmou na semana passada (2) a Agência Internacional para Pesquisa sobre Câncer (IARC) da OMS.
Em nações em desenvolvimento, porém, o controle desse tipo de tumor nem sempre é uma prioridade para os orçamentos de saúde, alertou o organismo internacional.
A OMS lembra que, embora a vacinação contra o HPV tenha se mostrado eficaz na prevenção da infecção crônica causada pelo HPV16 e o HPV18 — os dois tipos do vírus que causam câncer de colo de útero —, programas de imunização a nível nacional ainda não foram implementados em muitos países da Ásia e da África.
O cenário é agravado pela falta de serviços adequados de diagnóstico e tratamento, o que coloca em risco a vida de mulheres que podem desenvolver o câncer e não receber qualquer intervenção terapêutica. O diretor do Setor de Detecção Precoce e Prevenção da IARC, Rolando Herrero, afirmou:
“A não ser que ajamos rapidamente, milhares de mulheres desenvolverão câncer de colo de útero porque elas não foram vacinadas.”
Outro desafio apontado pela agência da OMS são normas culturais e a evasão escolar. Em algumas regiões, a vacinação é vista como um procedimento que pode estimular a atividade sexual. Em outras, a baixa taxa de adesão escolar impede meninas de participarem de programas de imunização que são implementados frequentemente em centros de ensino.
Além desses problemas, a discriminação de gênero e a percepção de que “mulheres são uma população menos importante para receber investimentos” continuam a marginalizar a prevenção e os cuidados do câncer de colo de útero das políticas de saúde.
Para a IARC, governos precisam enfrentar essas barreiras e aumentar a cobertura de vacinação. De acordo com a agência, é necessário tornar a imunização mais barata e uma das maneiras de reduzir custos é aumentar a competição entre novos e antigos fabricantes.
“Em muitos países, as mulheres são muitas vezes as únicas provedoras das famílias. Protegê-las, portanto, é de uma enorme importância humana e econômica”, disse o conselheiro especial para controle do câncer e chefe do Grupo de Testagem da IARC, Rengaswamy Sankaranarayanan.