Carta à comunidade – Projeto Mulheres da Paz

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Neste último dia 14 de junho de 2012, as Mulheres da Paz de Passo Fundo anunciaram Carta das Mulheres da Paz para a comunidade de Passo Fundo. O referido encontro teve por objetivo a integração entre as turmas das quatro regiões da cidade de Passo Fundo onde ocorreu a capacitação, como também celebrar a passagem da capacitação para o início do trabalho social.
Durante os meses de abril e maio, as mulheres participaram de 70 horas de capacitação cidadã, incluindo temas como Direitos Humanos, Mediação de Conflitos, Violência, Acesso à justiça, Leitura da realidade, Lei Maria da Penha, Metodologia de trabalho social. A partir do mês de junho, o trabalho social que será realizado junto aos seus bairros consiste em visitas domiciliares, campanhas de divulgação do Projeto e ações do Pronasci, encontros de planejamento e orientação com a equipe multidisciplinar, participação em reuniões e atividades do bairro.
O Projeto Mulheres da Paz é uma parceria entre o Governo Federal, através do Ministério da Justiça e o município de Passo Fundo, coordenado pela Secretaria de Segurança Pública e executado pela Comissão de Direitos Humanos de Passo Fundo.

CARTA DAS MULHERES DA PAZ PARA A COMUNIDADE DE PASSO FUNDO

Nós, Mulheres da Paz de Passo Fundo, através do conhecimento que construímos, temos a missão de ouvir e orientar as pessoas da comunidade para que busquem uma vida com dignidade humana.

Sabemos que vivemos numa democracia e, por mais que seja possível apontar uma série de problemas existentes na vida social e política da nossa sociedade, não podemos enfraquecer diante desta realidade, precisamos sim, é lutar pela garantia dos direitos humanos, de todo cidadão e toda cidadã.

Quando refletimos sobre os direitos humanos sonhamos com uma Passo Fundo melhor, onde haja, conforme estabelece a nossa lei maior, a Constituição Federal, igualdade, respeito, educação, saúde, trabalho, segurança e lazer para todos/as.

Para que isso se torne realidade é preciso ter um olhar carinhoso para as pessoas que residem nas periferias, o cinturão que envolve nossa cidade, pois elas não têm esses direitos preservados e garantidos. Cabe a nós, Mulheres da Paz, ajudar a comunidade a enfrentar as violações de seus direitos e, mais do que isso, ajudá-las a viver protegidas para que nenhum de seus direitos seja violado.

Acreditamos no sucesso de nossa caminhada, mas para isso precisamos de uma integração de todos os órgãos públicos locais para, dessa forma, podermos agir para mudar a realidade atual de nossos bairros em alguns pontos específicos. Por isso viemos, por meio desta, reafirmar alguns direitos que, em nossa visão, ainda não estão sendo garantidos na íntegra.

No que se refere à saúde, temos como necessidades primordiais a qualificação dos ambulatórios para que as vagas sejam preenchidas, com médicos especialistas à disposição e, ainda, para que haja Cais conforme a demanda dos bairros.

Quanto à juventude, é essencial que se invista em políticas públicas de prevenção e tratamento para dependentes químicos, devido à grande demanda do momento. Temos também que ampliar os espaços públicos para a convivência da juventude, para a prática de esportes e para o lazer em geral. Fundamental também que tenham acesso à educação de qualidade.

Em relação à educação e à moradia, avaliamos a urgência de escolas de ensino médio nos bairros que ainda não tem este atendimento, pois em razão da ausência de condições de acesso à escola, adolescentes e jovens trocam o conhecimento pelas ruas. Também há a necessidade urgente de retorno do funcionamento das creches em turno integral, já que os pais não trabalham apenas meio tuno. No que se refere à moradia, uma atenção maior para as necessidades primárias, viabilizando água e luz.

Em razão de a violência doméstica ser marcante em nosso município, precisamos que a Delegacia da Mulher funcione permanentemente, inclusive com plantões nos finais de semana. Também são necessárias políticas públicas de prevenção à violência e a melhorias na rede de atendimento à Mulher. E ainda, conforme prevê a Lei Maria da Penha, necessitamos da criação de juizados especiais para atender a violência doméstica e familiar contra a mulher. Acima de tudo precisamos reeducar a sociedade para que as mulheres não tenham seus direitos violados.

Por isso, contamos com o apoio da sociedade e, principalmente, do poder público para que a nossa luta não seja em vão. De forma integrada e contendo com o engajamento consciente de cada cidadão/ã podemos construir uma cultura de paz com vistas ao crescimento de nossa comunidade de modo que todos possam viver com dignidade humana.

 

Mulheres da Paz de Passo Fundo

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