Fonte: Assessoria de Imprensa – Portal UPF
Fotos: Jéssica França
Adaptado de UPF
Mostra conta com bustos que
representam 117 mulheres mortas em 2018
por seus companheiros no RS.
O Rio Grande do Sul ocupa o 14º lugar no ranking nacional do feminicídio, nas mortes de mulheres em ambiente doméstico ou por misoginia (aversão a mulheres), praticadas por homens, em geral maridos, companheiros e namorados. Para promover a reflexão sobre esse assunto, o Museu de Artes Visuais Ruth Schneider (MAVRS) inaugurou nessa quinta-feira, 9 de maio, a exposição “Amor que mata – do sonho ao pesadelo do feminicídio no RS”. O público pode conferir a exposição no Portal das Linguagens, localizado no Campus I da Universidade de Passo Fundo (UPF). A exposição já esteve no Museu Érico Veríssimo em Porto Alegre, em 2018.
Para a reitora da UPF, professora Dra. Bernadete Maria Dalmolin, a temática é de fundamental importância para ser debatida na Universidade. “Nós procuramos sempre trazer temas que estão no contexto da nossa sociedade e que precisam ser enfrentados. O feminicídio é muito grave e acontece diariamente, então, é muito importante que olhemos para essa realidade e não façamos de conta que ela não existe entre nós”, destaca.
O vice-reitor de Extensão e Assuntos Comunitários, professor Dr. Rogerio da Silva, também observou a importância da reflexão sobre o tema. “A exposição trata de um tema extremamente relevante, que é a preocupação da sociedade com o feminicídio, nos deixando preocupados com os números da violência, não somente no RS, mas também de Passo Fundo”, frisa.
A curadoria da exposição é das museólogas Doris Couto e Leila Pedrozo. Durante a abertura da mostra, Dóris explicou que a exposição se originou pela dor, por ter sofrido violência doméstica por parte de seu ex-marido, e disse que buscou retratar todo o processo de sofrimento, mas também a rede de apoio às mulheres vítimas de violência. “A exposição se origina primeiramente de uma vivência pessoal minha como mulher que sofreu violência doméstica e que conseguiu sair desse processo; depois, por vermos que cada vez mais esses casos de feminicídio aumentam. Por isso nasceu o desejo de produzir uma exposição que fizesse uma abordagem lúdico-pedagógica sobre o tema”, contou.
Construída coletivamente
A exposição é composta por bustos transparentes que representam as 117 mulheres mortas em 2018 por seus namorados, maridos e/ou companheiros numa representação da invisibilidade dessas mortes. Os tipos de violência contra a mulher, até chegar na morte, também são apresentados, por meio de uma escada em que cada degrau representa um desses tipos, muitas vezes negligenciados.
A mostra promove a interação dos visitantes, que assistem depoimentos e são conduzidos por poemas de Frida Khalo e Pablo Neruda, compostos com fotografias de Fran Tobin, Francisco Severo e Suelena Moreira. Além disso, para demonstrar a importância do auxílio às vítimas de violência, os participantes são convidados a deixarem marcas de suas mãos com tintas coloridas significando a rede de apoio às mulheres. “É um tema pesado, então, por que não tratá-lo de uma forma impactante, como as artes costumam fazer? Por que não falar com dados, com a participação e a construção social? Durante a exposição em Porto Alegre, vimos muitas mulheres de diferentes classes sociais se dando conta de que em algum momento de suas vidas já haviam sido vítimas de violência”, comentou Consuelo da Rosa Garcia, coordenadora do Instituto de Direitos Humanos, Econômicos, Sociais, Culturais e Ambientais Brasil (Idhesca Brasil), entidade que propôs a exposição.
Entidades e projetos que apoiam a exposição
A proposta da vinda da exposição para a cidade veio por meio da Comissão de Direitos Humanos de Passo Fundo (CDHPF), que encerrou nessa quinta-feira, 9 de maio, o VIII Colóquio Nacional de Direitos Humanos. Além disso, a UPF é parceira por meio da Vice-Reitoria de Extensão e Assuntos Comunitários (VREAC), da Faculdade de Artes e Comunicação (FAC) e do curso de História, além dos projetos Economia Solidária e Equidade de Gênero. Diversas entidades e associações da comunidade também apoiaram a vinda da exposição. As Promotoras Legais Populares também apoiam a exposição. O apoio financeiro é da Fundação Luterana de Diaconia (FLD).
Edivânia Rodrigues da Silva, da coordenação da CDHPF, “mostrar a violência contra a mulher é um grito de socorro pela vida das mulheres. Não queremos morrer! Nossas vidas valem! Fundamental que a estética desta exposição ganhe força ética, pedagógica e política”, declarou.
A coordenadora do programa Projur Mulher e Diversidade, professora Dra. Josiane Petry Farias, apontou que o projeto apoia a exposição que se baseia em dados reais de violência. “Muitas vezes temos a ideia de que a violência contra mulher é um assunto que não nos pertence, porque não passamos por isso, no entanto, aqui, conseguimos perceber que, embora não consigamos conhecer os rostos, podemos ver quantas mulheres foram mortas, então, não temos de ficar afastados dessa situação, achando que não é conosco”, comentou.
A representante dos projetos Clínica de Estudos, Prevenção, Intervenção e Acompanhamento à Violência (Cepavi) e do Programa de Acolhimento Interinstitucional às famílias (Paifam), professora Me. Suraia Ambrós, também sinalizou a importância do evento para chamar a atenção da comunidade sobre a problemática. “Nos dois projetos, podemos ver como muitas vezes as mulheres passam por uma trajetória de violência, a exposição mostra isso e o nosso objetivo por meio da extensão é de promover essa saúde psíquica com encontros em que cada um, à sua forma, possa se resgatar no meio de todas as situações”, salienta.
Serviço
O quê: Exposição Amor que mata – do sonho ao pesadelo do feminicídio no RS
Onde: Portal das Linguagens – UPF – Campus I
Visitação: até o dia 31 de maio – das 8h30min às 17 horas.
Entrada gratuita.