Famílias de três ocupações de Passo Fundo encontraram uma forma diferente de protestar pela moradia. No início da tarde de ontem, cerca de 30 pessoas participaram de uma campanha de doação de sangue no Hospital São Vicente de Paulo. Eles fazem parte das ocupações Chácara Bela Vista, Vista Alegre, e Valinhos. A iniciativa deve prosseguir nos próximos dias.
Um dos líderes do movimento em Passo Fundo, Moisés da Lus, disse que ajudar a salvar vidas, através da doação, é uma maneira solidária de protestar e de demonstrar que os moradores das ocupações estão preocupadas com as pessoas que necessitam de sangue. “Não queremos que a cidade se volte contra nós. Poderíamos trancar ruas ou fazer outro tipo de manifestação” diz Moisés.
Segundo ele, a ocupação Bela Vista também desenvolve um projeto de doação de roupas. A campanha é feita pela página do Facebook João Passo Fundo. As peças arrecadas são expostas em um varal e distribuída aos moradores. A campanha é itinerante. A página criada na rede social foi a maneira encontrada pelo movimento de tornar público, através de textos, fotos e vídeos, as reuniões e demais atividades.
Mesmo não sendo moradora de ocupação, Teresinha Pereira Duarte, 53 anos, decidiu participar do ato em solidariedade ao grupo. Há cerca de 15 anos, ela teve a situação da casa regularizada no Lotamento Manoel Corralo, após uma luta semelhante. “Naquela época era mais difícil, a gente não sabia muito como fazer, não havia internet, telefone era complicado” recorda. Além da identificação com a causa, Teresinha disse ter motivos religiosos para participar. Quando iniciou a ocupação Bela Vista, às margens da avenida Princesa Isabel, começou a enfrentar uma doença e não conseguia mais caminhar. “Fiz uma promessa de ajudar estas pessoas assim que melhorasse e voltasse a andar. Foi o que aconteceu” diz. Atualmente, ela auxilia na organização do Clube das Mulheres, na arrecadação de alimentos e de roupas.
Bela Vista
A ocupação Bela Vista iniciou há cerca de dois anos e quatro meses sobre uma área particular. Atualmente vivem 150 famílias no local. Segundo Moisés da Lus, já existe uma ordem de despejo que pode ‘ser cumprida a qualquer momento’ diz. “Já informamos o Ministério Público da situação. Não queremos nada de graça. É preciso desenvolver um projeto habitacional com possibilidade de pagamento dos terrenos dentro da realidade dos moradores. Não precisa ser onde estamos, pode ser em outra área” observa.