A reportagem de Gerson Lopes, do Jornal O Nacional, publicada em 17 de dezembro de 2016 destaca a situação da beira-trilho em Passo Fundo.
“Levantamento realizado pela Comissão dos Direitos Humanos de Passo Fundo (CDHPF), em parceria com a Universidade de Passo Fundo, demonstra que a decisão da família de Juvenal, em se instalar na beira dos trilhos, na década de 70, continua sendo alternativa para quem não tem moradia. A população ao longo dos 15 quilômetros da linha férrea que serpenteia a cidade de uma extremidade a outra, aumentou na última década de 1,1mil para cerca de 2 mil famílias vivendo na faixa denominada de beira-trilho.
A pesquisa começou em outubro de 2015 como uma espécie de atualização dos dados obtidos em 2005. Também serviu para avaliar se houve, durante o intervalo de 11 anos, mudanças em relação às condições de moradia. Os resultados foram apresentados no seminário Direito à cidade: Beira-trilho uma realidade que desafia a cidade para todos e todas, realizado em novembro passado, no Instituto de Filosofia Padre Berthier (IFIBE).
O comparativo mostra um agravamento da situação. Conforme o estudo, apesar do aumento da população circulando na beira-trilho, não há mecanismos de segurança. As contenções de acesso aos trilhos se restringem, em algum trechos, a fios de arame farpado. A falta de conservação dos trilhos aumenta ainda mais os riscos de acidente. Parte dos dormentes está bastante danificado e até mesmo encoberto pela terra e vegetação. Em determinados pontos da ferrovia, as casas estão a cerca de três metros de distância dos trilhos. “Treme tudo, as paredes já estão todas rachadas. Mas a preocupação maior mesmo é de acidentes com o trem” observa Juvenal.”