Manual de Comunicação LGBTI+ é guia para um jornalismo mais inclusivo

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Manual disponível aqui.

A violência contra a população LGBT ultrapassa o limite físico, de agressões e mortes, e envolve os ataques verbais, especialmente no âmbito da mídia. Com o objetivo de contribuir para a diminuição de preconceitos e estigmas e colaborar para um melhor entendimento de termos e conceitos dessa população, a Aliança Nacional LGBTI+ e a Rede Gay Latino lançam no dia (22), terça-feira, em São Paulo, o Manual de Comunicação LGBTI+ voltado para a cobertura da mídia.

Julian Rodrigues, membro da Aliança e da coordenação do Movimento Nacional de Direitos Humanos (MNDH), destaca que a iniciativa, que acontece neste mês em diversas cidades brasileiras, está vinculada não só ao combate da discriminação de gênero como também ao fortalecimento da democracia. Contra os discursos de ódio, o lema da publicação sintetiza sua missão: “substitua o preconceito por informação correta”.

“O manual pretende fortalecer e espalhar as informações, por exemplo, do que é o movimento LGBTI e quais são as suas principais demandas. O papel do manual é ajudar os profissionais e os veículos a fazerem um bom jornalismo, uma boa comunicação que respeite as pessoas”, ressalta Julian.

Inspirado em manuais de organizações como SomosGay (Paraguai), Colômbia Diversa (Colômbia), GLAAD (Estados Unidos) e ABGLT (Brasil), o Manual de Comunicação LGBTI+ é o resultado de um trabalho conjunto, com mais de 300 sugestões e colaborações de especialistas, militantes, ativistas, associados das organizações envolvidas, autoridades públicas, professores, estudantes e profissionais da comunicação. O material ainda traça um panorama sobre avanços recentes no reconhecimento e afirmação de direitos LGBTs no Brasil e no mundo.

Para a transexual Tathiane Aquino de Araújo, presidenta da Rede Nacional de Pessoas Trans (Rede Trans Brasil), a criação desse manual deve-se justamente ao descaso da mídia na responsabilidade com a propagação da realidade de uma população, priorizando a audiência à margem da qualidade.

“Ultimamente, a população LGBT na mídia só se encontra visível em programas jornalísticos com sensacionalismo para mostrar, muitas vezes, o desfecho da vulnerabilidade dessa travesti [por exemplo]. Muitas das vezes, os programas jornalísticos abordam casos de conflitos, de delegacia, de agressão e mostram isso de forma deturpada”, questiona a militante.

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Tathiane diz que, de forma rasa, a população LGBT é, muitas vezes, apresentada pela mídia como “agente perturbador da sociedade”. Em contrapartida, essas pessoas são vítimas crescentes da violência de gênero no país. O Brasil ocupa o primeiro lugar nas Américas em quantidade de homicídios de pessoas LGBTs e também é o líder em assassinato de pessoas trans no mundo.

Nesse contexto, Julian reforça a importância do debate das ideias no campo da comunicação. “Muitas vezes, os jornalistas da chamada mídia tradicional usam termos pejorativos, sem respeito à identidade de gênero, termos equivocados sobre orientação sexual. Nós estamos em um momento de muito acirramento do ódio e do ataque aos movimentos sociais, às mulheres, aos negros, à população de lésbicas, gays e bissexuais, travestis e transexuais etc, então é sempre um campo de disputa, as linguagens, as reportagens, o jornalismo”.

 

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Por Luciana Oliveira

Fonte: Blog da Luciana Oliveira

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