A bióloga Elisabeth Henschel, 23, estava em um bar na Lapa, no centro do Rio de Janeiro, na madrugada de segunda-feira (27) quando foi apalpada por um homem. Ao procurá-lo para tirar satisfações, levou dois socos no rosto.
Ela é uma das 2.154 pessoas que procuraram a Polícia Militar durante o Carnaval devido a casos de violência contra a mulher. De acordo com um balanço divulgado pela PM nesta quinta-feira (2), ao menos uma mulher foi agredida a cada 3 minutos e 20 segundos na capital fluminense entre as 8h de sexta-feira (24) e as 8h de quarta-feira (1º).
Elisabeth, que disse ter saído fantasiada de diaba usando um maiô em que se lia ‘feminist’ justamente para fazer alusão “aos xingamentos feitos às feministas”, precisou receber três pontos no nariz e relatou o caso em seu Facebook. “Desde o momento em que pisei fora de casa, os homens começaram seus ataques, desde olhares lascivos às gracinhas mais absurdas. Vários tentaram encostar em meu corpo sem meu consentimento” escreveu.
Para o sociólogo Ignácio Cano, pesquisador do Laboratório de Análise da Violência da UERJ (Universidade Estadual do Rio de Janeiro), é difícil precisar se há um aumento nas agressões contra mulheres durante o Carnaval. “Esse ano houve uma campanha especial no Carnaval sobre a violência contra a mulher. É possível que isso tenha influenciado pessoas a registrar esses casos”, avalia.
Dado mais recente do ISP (Instituto de Segurança Pública) indica que, em 2015, cerca 49.281 mulheres registraram queixas por lesão corporal no Estado; outras 360 foram assassinadas.
Segundo o Dossiê Mulher elaborado pelo ISP, movimentos como a hashtag #meuprimeiroassedio e #carnavalsemassedio vêm contribuindo “para colocar em pauta os diferentes tipos de assédio sofridos por um significativo número de mulheres, mas ainda muito silenciado e banalizado enquanto forma de violência”.
De acordo com a DPAM (Divisão de Polícia de Atendimento à Mulher), da Polícia Civil, o número de registros de violência contra a mulher, de maneira geral, tem crescido. Durante o Carnaval, a delegacia realizou uma campanha incentivando as mulheres a denunciarem os agressores. “A cada ano, estamos vendo um número maior de registros, o que demonstra uma mudança de atitude por parte das mulheres, que estão tendo coragem de denunciar”, diz a delegada e diretora da DPAM, Márcia Noeli.